Frederico Morais qualificou-se para o Championship Tour 2017 da World Surf League. O surfista de Cascais é o segundo português, depois de Tiago Pires em 2008, a conseguir entrar no principal circuito do surf mundial. ‘Kikas’ conseguiu o feito histórico ao chegar à final do Vans World Cup, em Sunset Beach, último QS da temporada, que concluiu em 2º lugar. Com esse resultado, Frederico Morais assumiu a liderança da Vans Triple Crown e foi, por isso, convidado para o Billabong Pipe Masters, última prova do CT 2016, a partir de 8 de dezembro.
Foi uma madrugada histórica para o surf português. Frederico Morais concretizou o sonho de qualquer surfista e traçou o seu caminho com um surf de linhas bem desenhadas, que entusiasmaram os juízes no 2016 Hawaiian Pro e no Vans World Cup, os últimos dois QS da temporada, ambos de valor máximo (10.000 pontos).
‘Kikas’ chegou ao Hawaii no 28º lugar do ‘ranking’ internacional QS, ainda longe do Top 10 que dá acesso ao Championship Tour. O 2º lugar alcançado em Haleiwa, no 2016 Hawaiian Pro colocou-o dentro da ‘bolha de qualificação’ (ver notícia). O 2º lugar alcançado esta madrugada em Sunset Beach, no Vans World Cup garantiu-lhe a qualificação para o CT 2017, com 3º lugar no ‘ranking’ internacional QS final e colocou-o na liderança da Vans Triple Crown, o que lhe valeu o convite para o Billabong Pipe Masters, terceira ‘jóia da coroa havaiana’. Frederico Morais vai chegar a Pipeline já qualificado para o CT 2017 e vai ter a experiência do ambiente competitivo da sua próxima época desportiva.
O caminho não foi fácil. O último dia em Sunset Beach – desde as 18h00 de ontem e até cerca das 02h00 de hoje, hora de Portugal Continental – foi impróprio para cardíacos. A jornada decisiva começou na Ronda 4 e ainda com cerca de uma dezena de surfistas na luta pelo ‘ranking’ de qualificação. Frederico Morais era o ‘lanterna vermelha’ (10º) do grupo de apuramento. O português não podia vacilar e as contas da qualificação foram sendo adiadas à medida que os candidatos avançavam em Sunset Beach.
Na Ronda 4, Frederico Morais ‘passou pelo buraco da agulha’, resistindo à pressão de Filipe Toledo (9º CT). ‘Kikas’ precisava de 4,75 pontos para subir de 3º para 2º e fechou a bateria com uma manobra animal debaixo do ‘lip’, que lhe valeu 5,60 pontos. Filipe Toledo ainda fez uma onda. Precisava de 5,07 pontos para recuperar o 2º lugar de apuramento, mas só conseguiu 4,80 pontos. Frederico Morais ouviu a boa notícia quando remava para a praia, já depois de terminado o ‘heat’.
O susto da Ronda 4 não voltou a repetir-se. Frederico Morais realizou uma exibição dominadora nos quartos-de-final (15,20 | 8,00+7,20), vencendo a bateria onde Deivid Silva foi eliminado em 3º e perdeu aí a sua corrida para a qualificação. O havaiano Ezequiel Lau apurou-se em 2º e continuou na corrida, ainda com contas apertadas.
Após a bateria dos quartos-de-final, na tradicional entrevista ao vencedor, Frederico Morais comentou: “Acho que já lá estou (no CT)”. Os comentadores davam-lhe 99,9% de probabilidades de ‘já lá estar’, mas ainda havia alguns adversários diretos na qualificação em prova e ninguém arriscava veredictos.
Nas meias-finais, Frederico Morais defrontou três adversários diretos pela qualificação – Tanner Gudauskas, Jack Freestone e Ezequiel Lau – e fez o que lhe competia; venceu a bateria, demonstrando maior consistência que a dos restantes competidores. Foi esse o momento histórico. No início da entrevista ao vencedor, o conhecido Pete Mel proferiu as palavras que ficam na História do surf português: “Bem vindo ao Samsung Galaxy Championship Tour 2017”. Frederico Morais emocionou-se.
A final foi para Frederico Morais a bateria com menor pressão desde o QS anterior. O português chegou à final em Sunset Beach já qualificado para o CT 2017 e já na liderança da Vans Triple Crown 2016. O português abriu as hostilidades com uma onda de 8 pontos e entrou em luta direta com Jordy Smith (CT), que acabou por levar a melhor e conseguir a sua primeira vitória havaiana.
Tanner Gudauskas ainda sonhava com a qualificação, para a qual precisava da vitória, ou do 2º lugar, mas terminou a final em 4º e ficou à porta do CT. Ezequiel Lau também não conseguiu o apuramento. A jornada de emoções fortes, talvez a mais emocionante de sempre na luta pelo apuramento para o CT, terminou bem para Jack Freestone e Jadson André, eliminados nas meias-finais, mas com pontos suficientes para garantir um lugar no Championship Tour 2017.
Comentários