Marca brasileira de blocos para moldar pranchas

Algarvio Representa Teccel na Europa

Moisés Kilany fez há 9 meses a primeira encomenda, de 330 blocos, à Teccel (®PauloMarcelino)

O algarvio Moisés Kilany é o representante para a Europa da marca brasileira Teccel, fabricante de blocos para pranchas de surf líder no Brasil e com renome internacional. O empresário, de origem alemã e com 39 anos de idade, mudou-se há nove anos da região de Dusseldorf para Lisboa e trocou rapidamente a capital portuguesa pelo Algarve, onde pratica o surf que o apaixona desde a adolescência, sendo já um ‘local’ conhecido no ‘pico’ do Xiringuito em Albufeira.

Moisés despertou para o surf durante umas férias em Portugal. Tinha 16 anos de idade. De regresso à região interior da Alemanha onde residia entrou no roteiro da procura de ondas em Scheveningen, na vizinha Holanda. “Era uma questão de sorte. A onda na Holanda é só de vento; não existe mar de fora e não sabíamos previsões quando lá íamos”, recorda Moisés Kilany.

Formou-se em Economia e deu início a uma carreira profissional no mercado financeiro, na Alemanha, mas a paixão pelo surf foi mais forte do que a zona de conforto de Moisés. “Chegou uma altura em que decidi que queria uma mudança na minha vida. Tinha 30 anos. Queria mudar para um país com ondas e que não fosse muito longe”. Portugal foi a escolha óbvia, porque já visitara o país por duas vezes, em férias, e por ter sido o berço do seu surf.

Influência Ferox

“Quando cheguei a Portugal fui para Lisboa. Pensei que não havia ondas no Algarve, mas enganei-me”. Moisés visitou a zona de Albufeira a convite de um amigo alemão e ficou encantado com a onda do Xiringuito. “Surfei a onda e fiquei no Algarve”, recorda o empresário.

Moisés junto a um bloco 9,6 Tecblue, de maior densidade, próprio para moldar longboards (®PauloMarcelino)

Moisés junto a um bloco 9,6 Tecblue, de maior densidade, próprio para moldar longboards (®PauloMarcelino)

Como qualquer surfista, Moisés sempre sonhou em dedicar-se a uma atividade profissional relacionada com o surf. “Sempre tive a ideia de importar blocos; só que as marcas boas já tinham representação”, um fator que avaliou e o fez recuar há 3 anos, após contatar algumas marcas. Mantendo-se na cena surf, Moisés foi trabalhar como ajudante na fábrica de pranchas Ferox Surfboards, em São Brás de Alportel, “para aprender o que está por detrás de uma prancha”.

A oportunidade de Moisés surgiu em 2014, quando a Teccel deixou de ter representante oficial em Portugal. “O Octávio (Lourenço, ‘shaper’ e fundador da Ferox) sabia que eu estava interessado em importar blocos e avisou-me quando a Teccel deixou de ter representação”, recordou Moisés Kilany, em conversa com o Swell-Algarve.

Moisés contatou a Teccel e a marca líder brasileira de blocos para surf mostrou-se interessada nele como representante para a Europa. Foi tudo muito rápido. Aconteceu há 9 meses. “Criámos a primeira encomenda e fomos visitar a fábrica ao Brasil, a Recife”. Na altura, Moisés tinha um sócio, Carlos Bentes, que foi quem viajou até ao Brasil, uma vez que Moisés acabava de ser pai. Entretanto, Carlos Bentes dedicou-se a outra atividade e Moisés trabalha agora sozinho.

Blocos das Pranchas de Medina

A primeira encomenda de 330 blocos Teccel chegou há 8 meses às mãos de Moisés. O empresário tem dois armazéns – Lisboa e Albufeira – e faz entregas gratuitas. “Vendo mais na zona de Lisboa, mas abasteço todos os ‘shapers’ do Algarve”, diz o empresário. Vendida metade do primeiro contentor, Moisés encomendou um segundo e recebeu há poucos dias uma 3ª encomenda (mais um contentor cheio com blocos).

Armazém em Albufeira cheio. Moisés procura ter sempre disponíveis todos os tamanhos (®PauloMarcelino)

Armazém em Albufeira cheio. Moisés procura ter sempre disponíveis todos os tamanhos (®PauloMarcelino)

O ritmo de encomendas é um sinal de vitalidade do negócio. “Vendo para Portugal, Espanha e Alemanha e estou agora a tentar entrar em França”, diz Moisés. Não é uma alquimia de produção de ouro. “De momento não dá para ficar rico, para comprar uma vivenda na Galé. Mas dá algum lucro, paga as rendas”, diz Moisés Kilany, apostado em expandir o negócio e avançar até para a distribuição de fibras e resinas para o ‘shape’ de pranchas de surf.

Existem meia dúzia de marcas boas de blocos para pranchas de surf com representação em Portugal. “O negócio tem muita concorrência”, diz o empresário. Mas a Teccel fabrica os blocos dos quais são feitas as pranchas do campeão do mundo de surf Gabriel Medina. Moisés sublinha as qualidades dos blocos da marca brasileira: cor branca persistente, leveza, resistência e facilidade em moldar.

“Tenho um produto de qualidade, pratico preços competitivos e faço entregas gratuitas na Grande Lisboa e no Algarve”, sintetiza Moisés Kilany.

A Teccel fabrica blocos em poliuretano (mais comuns) e EPS (para Epoxy) em 25 tamanhos e 5 densidades diferentes. Moisés importa blocos de poliuretano em 18 tamanhos diferentes – de 6,0 a 10,4 pés – e 2 densidades à escolha; Tecblue (mais resistente) e Teclight (mais leve). O Tecblue, por exemplo, é mais usado para longboards e pranchas ‘tow-in’ para ondas grandes. O Teclight é a escolha para pranchas de alta performance, de competição.

Moisés não faz pranchas, mas tem uma pequena oficina para reparações no seu armazém em Albufeira (®PauloMarcelino)

Moisés não faz pranchas, mas tem uma pequena oficina para reparações no seu armazém em Albufeira (®PauloMarcelino)

As escolhas de importação feitas pelo empresário resultam da sua avaliação, sobretudo, ao mercado portugês de ‘shape’ de pranchas de surf. Os ‘shapers’ são os clientes de Moisés. “Eu não faço pranchas. Vender blocos e fazer pranchas pode provocar conflito de interesses”, explica o empresário.

Da experiência dos últimos meses, o empresário tirou lições importantes. Sabe que os tamanhos mais vendidos são 6,0 e 6,4 e aprendeu a ter um ‘stock’ maior, tentando ter todos os tamanhos disponíveis tanto em Lisboa como em Albufeira, para fazer entregas mais rápidas. “A procura está a aumentar. Tenho fé neste negócio”, conclui o empresário.

O que dizem os ‘shapers’

“O bloco Teccel é o melhor núcleo que há. Conjuga tudo: brancura, resistência, flexibilidade e performance. Todas as pranchas dos nossos ‘riders’ são feitas com blocos Teccel. As pranchas ficam com mais ‘pop’ (gíria de ‘shaper’ que refere a capacidade de reação da prancha)” Octávio Lourenço (Ferox Surfboards)

“Para mim, os blocos Teccel são os melhores que existem no mercado. São fáceis de moldar, mas depois de prontos oferecem bastante resistência. É também muito bom estarem disponíveis com várias densidades” Leandro Simões (Leander Wave Riding Hand Shapes)

“Os blocos Teccel são bons. Eu uso-os. São a minha escolha para pranchas de alta performance. São leves, mas resistentes e fáceis de trabalhar” Uwe Kluba (KlubaSurfboards)

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