Aumenta de 1 para 3 os clubes com tripulações na região

Classe 420 ‘Renasce’ no Algarve

Clube Náutico de Tavira era o único com 420 no Algarve (na foto). Agora juntam-se GCNFaro e ANGuadiana (®ClubeNauticoTavira)

A próxima temporada de Vela vai assistir a um ressurgimento da Classe 420 no Algarve, onde aqueles barcos pré-olímpicos de dois tripulantes já foram mais populares no passado. Até agora, apenas o Clube Náutico de Tavira tinha tripulações de 420 na região, mas a Classe vai ser agora reativada no Ginásio Clube Naval de Faro e na Associação Naval do Guadiana.

O Clube Náutico de Tavira era o clube resistente dos 420 no Algarve. “É o barco que sempre se gostou mais no clube. Temos tradição nos 420 e gostamos mais desse barco que dos Laser”, comentou Nuno Bispo, treinador do CNTavira, para o Swell-Algarve. Na temporada que agora terminou, o clube de Tavira teve quatro tripulações ativas de 420; na próxima temporada vai ter “duas, em princípio”. A redução está relacionada com o crescimento e rumo de vida dos jovens velejadores.

A redução da frota 420 em Tavira poderia ser o ‘enterro’ no Algarve de uma Classe que, já de si, não tinha condições para competir na região, por falta de barcos ativos. Mas o que vai acontecer é, precisamente, o contrário: os 420 vão renascer no Algarve com o regresso do GCNFaro e da ANGuadiana à Classe.

Afonso Rodrigues, melhor Optimist Masculino no Algarve, vai integrar uma das 4 tripulações 420 do GCNFaro para a próxima temporada (®FPV)

Afonso Rodrigues, melhor Optimist Masculino no Algarve, vai integrar uma das 4 tripulações 420 do GCNFaro para a próxima temporada (®FPV)

“Segundo a estratégia seguida em Portugal, as Classes subsequentes ao Optimist passam pelo Laser e pelo 420. Os portugueses não têm perfil físico para os Laser, falta-lhes peso e altura. Daí a aposta do clube nos 420. A morfologia dos portugueses adapta-se melhor às classes de tripulação”, disse Armando Cassiano, presidente do Ginásio Clube Naval de Faro, ao Swell-Algarve.

Na próxima época, o GCNFaro vai retomar a Classe no clube com 4 tripulações: Joana Cavaco & Inês Carriço; Martim Sancho & Afonso Correia; Cristovão Gonçalves & Tomé Dutra; Afonso Rodrigues & João Vargues. “O 420 é pré-olímpico e dá melhor acesso aos 470 olímpicos”, comentou Rui Belchior, treinador no GCNFaro.

O 420 é um barco mais rápido e técnico que os Laser (Standard, Radial, ou 4.7), Classe na qual muitos velejadores, sobretudo os de estatura menor, sentem maior dificuldade em andar bem e tiram menos prazer da arte de velejar. Mas a opinião não é consensual. “Num barco com menos afinações (como é o caso do Laser em relação ao 420) distingue-se melhor quem é bom em termos táticos”, comentou Joaquim Coutinho, velejador do GCNFaro que já andou muito em Laser.

A multi-campeã regional e nacional Daniela Miranda tem uma opinião muito direta: “Não gosto do Laser”, disse a atleta ao Swell-Algarve. Atingida a idade limite para Optimist, Daniela optou pelos 420 e essa opção ativou a Classe na Associação Naval do Guadiana.

Daniela Miranda chegou à idade limite para Optimist. Não gosta de Laser e vai abrir com João Revez os 420 na ANGuadiana (®PauloMarcelino/Arquivo/Março2015)

Daniela Miranda chegou à idade limite para Optimist. Não gosta de Laser e abriu com João Revez os 420 na ANGuadiana (®PauloMarcelino/Arquivo/Março2015)

Na próxima temporada, Daniela vai fazer dupla com João Revez, tripulação que competirá na categoria Masculinos, por integrar um rapaz. A nova e única tripulação de 420 da ANGuadiana fez a sua estreia na Subida e Descida do Guadiana, no final de Agosto, e Daniela gostou da experiência. “Foi fixe”, comentou a velejadora.

O Algarve aumenta a frota regional 420 de 4 para 7 barcos, o que irá dar outra animação às provas regionais, nas quais os 420 de Tavira não tinham concorrência. O Grupo Naval de Olhão não perspetiva a entrada nos 420. O Clube Naval de Portimão também não, apesar de ter um barco 420 em armazém.

O Clube de Vela de Lagos, pioneiro dos Optimist no Algarve, tem outra opção estratégica: reativar a Classe 29er, barco de linhas mais radicais que antecede o olímpico 49er. “É o futuro”, comentou Rui Raimundo, treinador do CVLagos, para o Swell-Algarve.

Segundo fontes contatadas pelo Swell-Algarve, o fenómeno do ressurgimento dos 420 não se restringe ao Algarve. Os clubes de Almada e Sesimbra vão reforçar a sua aposta nos 420 e o Clube de Vela do Barreiro vai reativar a Classe no clube. As provas na próxima temporada e a Vela portuguesa em geral só têm a ganhar com a aposta nos 420. São barcos mais rápidos e espetaculares na água e reforçam a rota olímpica da Vela portuguesa.

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