Evento de Surf Adaptado

Dia dos Sorrisos na Praia da Rocha

Dez pessoas com deficiência viajaram de todo o País e até da vizinha Espanha para participar no evento em Portimão (@paulomarcelino)

A Praia da Rocha, em Portimão, recebeu este sábado, 25 de Abril, o primeiro evento de 2015 da SURFaddict – Associação Portuguesa de Surf Adaptado, co-organizado pela escola local de surf Future Surfing School, Clube Naval de Portimão e The Surf Experience. O surfista profissional Filipe Jervis associou-se ao evento, com participantes de todo o País e até um espanhol que teve o primeiro contacto com o desporto que praticava antes de ter sofrido o acidente que o deixou paraplégico.

Vim de propósito de Ayamonte. Soube através do Facebook do Nuno (Vitorino, presidente da SURFaddict). Antes de ter sofrido o acidente de moto, há 15 anos, praticava surf. Agora é a primeira vez que volto a praticar”, disse Ignácio Espina, 37 anos, ao Swell-Algarve. “Conheço pouco o surf adaptado em Espanha; parece-me que só há nas Ilhas Canárias. É uma ideia maravilhosa, integradora. Muitos jovens com deficiência saem pouco de casa e o desporto ajuda-os a sociabilizar, a recarregar baterias”, acrescentou o participante espanhol.

Espanhol Ignácio Espina com os voluntários que o ajudaram a ter o primeiro contacto com o surf desde que ficou paraplégico (@paulomarcelino)

Espanhol Ignácio Espina com os voluntários que o ajudaram a ter o primeiro contacto com o surf desde que ficou paraplégico (@paulomarcelino)

O evento na Praia da Rocha, esta sábado, decorreu entre as 10h00 e as 16h00 e juntou 10 participantes e 30 voluntários. Infelizmente, nenhum participante algarvio, ou surfista de competição algarvio aderiu à iniciativa em Portimão. Os eventos da SURFaddict no Algarve são sempre os que têm menos participantes, mas a Associação Portuguesa de Surf Adaptado continua a ir ao Algarve e a erguer a bandeira do desporto como forma de ajudar as pessoas com deficiência.

Em 3 anos de actividade, a associação tem histórias de sucesso, ajudou pessoas a despertar da depressão da deficiência e a recuperar um lugar activo na sociedade. E o surf adaptado tem já fiéis seguidores, que viajam de todo o País para participar nos eventos da associação. “Comecei a fazer surf com eles. Quis experimentar, porque já fazia mergulho e adoro o mar. Já estive em São Torpes, em Cortegaça, na Figueira e agora vim pela primeira vez a Portimão”, disse Maria Manuela Cardoso, 49 anos, ao Swell-Algarve.

Teresa Abraços (de frente), sempre muito activa, acompanha a entrada de Maria Manuela Cardoso (@paulomarcelino)

Teresa Abraços (de frente), sempre muito activa, acompanha a entrada de Maria Manuela Cardoso (@paulomarcelino)

Maria Manuela Cardoso reside da Figueira da Foz e ficou paraplégica há 25 anos, devido a um acidente de automóvel. “Fazer surf é uma sensação muito boa. Apanhar a onda e sentir a velocidade dá uma enorme sensação de liberdade e descontração. É muito bom a nível físico e da saúde mental”, diz Maria Manuela Cardoso.

“Fixe”, foi a palavra usada por Levi Nascimento, 16 anos, depois da sua sessão de surf adaptado na Praia da Rocha. Levi é autista e campeão de natação adaptada. É repetente nos eventos da SURFaddict é mostra um grande à-vontade na água, conseguindo mesmo por-se de pé na prancha.

(@paulomarcelino)

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A alegria, os sorrisos estampados nos rostos dos participantes foram o prémio do dia. “São pessoas que sofrem tantas dificuldades, que quando as vemos sorrir em cima da onda é qualquer coisa de extraordinário. Faz-me lembrar a primeira vez quando fiz surf, só que dez vezes mais”, disse Filipe Jervis, ao Swell-Algarve.

Filipe Jervis é surfista profissional e viajou de propósito desde Lisboa, para participar no evento em Portimão. “O meu patrocinador, Ericeira Surf & Skate é parceiro da SURFaddict. Venho aqui com muito gosto e não é a primeira vez. No ano passado já dei uma Paulinha de surf adaptado em Peniche”, comentou Filipe Jervis.

Filipe Jervis, surfista profissional, e Nuno Vitorino, presidente da SURFaddict (@paulomarcelino)

Filipe Jervis, surfista profissional, e Nuno Vitorino, presidente da SURFaddict (@paulomarcelino)

“A interacção com a natureza e o mar ajuda a pessoa, física e mentalmente”, diz Nuno Vitorino, 38 anos, presidente da SURFaddict, paraplégico há 20 anos devido a um acidente com arma de fogo. Nuno praticava bodyboard  e agora voltou às ondas, com uma prancha maior e adaptada, com punhos perto do ‘nose’ e partes de ‘deck’ recortadas e coladas de forma a diminuir o balanço das pernas deitadas na prancha.

Nuno Vitorino e a antiga campeã nacional de surf Teresa Abraços, 48 anos, são as caras mais conhecidas da SURFaddict. A Associação Portuguesa de Surf Adaptado completa este ano três anos de actividade e vai celebrar o aniversário com um evento de surf adaptado em São Torpes, no dia 16 de Maio.

O evento de hoje em Portimão teve ainda a participação de voluntários da Escola Superior de Saúde Jean Piaget – Algarve, do Campus Académico de Silves, estudantes de enfermagem que realizaram rastreio de glicémia capilar, tensão arterial e capacidade pulmonar; e estudantes de fisioterapia que integraram as equipas de acompanhamento dos participantes dentro de água.

Foto de Família do evento da SURFaddict na Praia da Rocha (@paulomarcelino)

Foto de Família do evento da SURFaddict na Praia da Rocha (@paulomarcelino)

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