Tóquio 2020

Vela Excluída dos Paralímpicos

João Pinto a sair da Marina de Portimão, para uma sessão de treino (@paulomarcelino/arquivo)

O Comité Paralímpico Internacional não aprovou a Vela para o programa de 22 modalidades dos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020. “Isto é um balde de água fria”, disse Pedro Rodrigues, director técnico da Federação Portuguesa de Vela, ao Swell-Algarve. A federação iniciou no ano passado um projecto paralímpico que envolve o velejador algarvio João Pinto, bicampeão nacional de Vela Adaptada. A vertente de longo prazo desse projecto fica agora comprometida.

João Pinto, velejador do Iate Clube Marina de Portimão, sagrou-se vice-campeão europeu em 2013 e conquistou em 2014 o seu segundo título nacional consecutivo na Classe Access 303 (solitário). O passo seguinte seria a tentativa de qualificação para os Jogos Paralímpicos Rio 2016 na Classe 2.4m (solitário).

Existem pelo menos três barcos dessa classe em Portugal, propriedade da Câmara Municipal de Matosinhos, entregues ao cuidado do Sport Clube do Porto, em Leixões. “A federação já solicitou ao clube o uso desses barcos e o treinador do atleta (João Pinto) disse-nos que a Câmara Municipal de Portimão também já fez esse pedido à Câmara Municipal de Matosinhos. Ainda não há respostas”, disse Pedro Rodrigues, ao Swell-Algarve.

O tempo corre contra João Pinto. O velejador portimonense ainda não tem barco e mesmo que chegasse agora, teria muito pouco tempo para se adaptar ao novo equipamento, uma vez que o Europeu e o Mundial de Classes Paralímpicas estão marcados para os próximos meses. Além do pouco tempo de adaptação, João Pinto iria encontrar uma frota mais competitiva do que na Classe Access, uma vez que nas classes paralímpicas já existem velejadores profissionais em alguns países. “Seria preciso um milagre”, admitiu, ao Swell-Algarve, José António Carneiro, vogal da Comissão Executiva do Comité Paralímpico de Portugal.

José António Carneiro explicou, ao Swell-Algarve, que a Vela foi excluída dos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020 porque “a Federação Internacional de Vela (ISAF) não demonstrou ao Comité Paralímpico” que cumpre o requisito fundamental, como desporto individual, para participar nos jogos: ter quadro competitivo em pelo menos 32 países de 3 regiões (continentais) diferentes. Por esta razão, a candidatura da vela aos Paralímpicos Tóquio 2012 não foi aceite.

Haverá menos praticantes de Vela Adaptada no Mundo? Terá a ISAF falhado no processo de candidatura aos Paralímpicos Tóquio 2020? “Pode dar-se o caso de o requisito ter sido modificado para esses jogos. Não sei…”, respondeu o vogal da Comissão Executiva do Comité Paralímpico de Portugal.

A Vela Paralímpica não tem tradição em Portugal. O nosso País esteve presente uma única vez na competição de vela em Jogos Paralímpicos, em Pequim 2008, com uma dupla mista na Classe SKUD18. “Desde 2009, Portugal não participou em nenhum Europeu ou Mundial de Classes de Vela Paralímpicas”, provas onde se disputa a qualificação para os Jogos Paralímpicos, disse José António Carneiro.

O velejador algarvio João Pinto poderia colocar a Vela portuguesa no mapa paralímpico, muito embora o projecto esteja atrasado e enfrente dificuldades financeiras e até administrativas, no que ao uso dos barcos 2.4m diz respeito. “Vamos continuar a apoiar (o João Pinto) para 2016”, garantiu Pedro Rodrigues. “Mas o projecto a longo prazo está comprometido”, admitiu o director técnico nacional da Federação Portuguesa de Vela.

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