O fenómeno das lesões no surf é conhecido e comentado, mas agora foi quantificado em relação à região do Algarve, num estudo apresentado por profissionais algarvios no 9º Congresso Nacional de Fisioterapeutas, realizado em São João do Estoril, nos dias 12 a 14 de Junho. O inquérito realizado para o estudo apurou que 67,4% dos surfistas federados algarvios já sofreram lesões, todas elas durante treinos e a maioria na realização de uma manobra (51,7%) e localizada num joelho (44,8%).
Dito de outra forma; a realidade apurada em números sustenta que dois terços dos atletas algarvios de surf já sofreram lesões relacionadas com a prática da modalidade. Ficou também provado que todas as lesões ocorrem durante os treinos e que acontecem mais pelo esforço físico colocado na realização de manobras do que em quedas. Os joelhos são a parte do corpo do surfista mais susceptível a lesões, seguido de ombros (13,8%) e tornozelos (10,3%). Ligamentos (24,1%), músculos (20,7%) e articulações (20,7%) são os tecidos mais afetados pelas lesões nos surfistas.
A amostra para o questionário foi constituída por 43 atletas federados de surf que participaram na 2ª Etapa do Circuito Regional do Sul 2015, em Quarteira, com idades entre 10 e 44 anos, sendo 37 do sexo masculino e 6 do feminino. O inquérito apurou que a fisioterapia foi o tratamento a que os atletas mais recorreram (60%) quando lesionados, mas mostrou também que a prevenção não é prática comum no surf federado algarvio.
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Do total da amostra (43 atetas), apenas 9 (20,9%) estavam a cumprir programas de fisioterapia preventiva quando responderam ao inquérito. E entre os 29 atletas que admitiram já ter sofrido lesões, a maioria (69%) não realizava fisioterapia preventiva. Esta realidade surpreende ainda mais quando a esmagadora maioria (88,8%) dos atletas que realizaram fisioterapia preventiva admitiu ter melhorado o seu rendimento em relação ao número de ondas apanhadas.
“Verificou-se uma elevada prevalência de lesões em atletas de surf, sendo observado que a fisioterapia parece ser um fator que pode prevenir o número de lesões e melhorar o desempenho do atleta”, concluem os autores do estudo: Beatriz Minghelli, Professora Assistente na Escola Superior de Saúde Jean Piaget do Algarve / Instituto Piaget, Silves; Patrícia Moreira, fisioterapeuta licenciada na mesma instituição; e Filipe Costa, fisioterapeuta licenciado na referida unidade de ensino superior e responsável pela FisioRider, gabinete de fisioterapia aplicada ao surf, em Portimão.
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Vídeo sobre a presença algarvia no congresso
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“Fisioterapia preventiva aplicada ao surf: a sua importância na redução do número de lesões e melhoria no desempenho do atleta” é o título do estudo apresentado por Beatriz Minghelli, Patrícia Moreira e Filipe Costa ao final da manhã de domingo, 14 de Junho, no 9º Congresso Nacional de Fisioterapeutas.
Ao princípio da tarde, Beatriz Minghelli e Filipe Costa dinamizaram um ‘workshop’ sobre Fisioterapia aplicada ao surf e ao bodyboard, no qual estiveram presentes fisioterapeutas e estudantes de Ciclos de Estudos em Fisioterapia de várias regiões do País. O ‘workshop, durante o qual foram descritas as lesões mais comuns do surfista e demonstrados exercícios de prevenção; foi realizado no interior do Centro de Congressos do Estoril, porque as condições meteorológicas não permitiram a apresentação na praia, como estava previsto.
O trabalho desenvolvido pelos três fisioterapeutas algarvios provou que as lesões são um fator com “elevada prevalência” entre os atletas federados de surf e que a fisioterapia preventiva, se bem que ainda muito ignorada no Algarve, ajuda a reduzir o número de lesões e a melhorar o desempenho do atleta.
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