Fisioterapia I FisioRider

A Importância do Ombro

Exercício 1: ‘Bico de pato’ com flexão apoiado em superfície instável (Bosu e Bola de Pilatos)
(fotos:PauloMarcelino)
 
A escolha deste tema – “ombro e a sua importância no surf e no bodyboard” – assenta na tentativa de alertar e educar sobre a extrema importância do trabalho de prevenção de lesões nos atletas destas modalidades. Tendo em conta o aumento do número de praticantes destes desportos, tanto a nível competitivo como recreativo, este fator provocou em paralelo um aumento do risco de lesão, tornando-se um fator de preocupação para fisioterapeutas, treinadores, atletas e praticantes. É necessário prevenir as lesões e, neste artigo, vamos identificar algumas e mostrar exercícios que fortalecem o ombro, prevenindo as lesões.
 
A todos os desportos está associado algum tipo de lesão com mais ou menos gravidade e importância, contudo existem determinadas zonas do corpo que são mais afetadas do que outras.
Biomecânica do Ombro
 
A quantidade e direcção de movimento permitidas em cada articulação encontram-se relacionadas pelo formato das extremidades dos ossos e pela face articular de cada osso.
 
O ombro possui uma face articular lisa na cabeça do úmero e na cavidade glenoideia. Em resultado desta situação o ombro adquire uma grande quantidade de movimentos e direcções dos mesmos. Então os movimentos realizados são: Flexão, Extensão, Hiperextensão, Abdução, Adução, Rotação Externa e Interna, Abdução e Adução Horizontal. 
A flexão, extensão e hiperextensão ocorrem no plano sagital e no eixo frontal. A abdução e adução surgem no plano frontal e em torno do eixo sagital. A rotação externa e interna, e a abdução e adução horizontal advêm no plano transversal e no eixo vertical. A circundação é um conjunto dos movimentos de flexão, adução, extensão e abdução.
Exercício 2: Posição em prancha com movimento circular de cotovelos apoiados em Bola de Pilatos
 
Ombro Congelado (Frozen Shoulder) 
 
O ombro congelado ou capsulite adesiva é uma desordem caracterizada pela dor e perda de movimento ou rigidez no ombro. A capsulite significa que o tecido conjuntivo que circunda as articulações está inflamado. A causa desta capsulite habitualmente é a fraqueza muscular que resulta na perda de movimento de uma articulação. Quando uma articulação não se movimenta dentro da amplitude normal durante um período apreciável, esse tecido conjuntivo torna-se menos elástico e maleável. Este pode endurecer-se rapidamente, torna-se fibrótico e restringe o movimento. 
A evolução normalmente é lenta e progressiva , nunca inferior a 4 a 6 meses. Sem diagnóstico preciso, muitas vezes o tratamento também não é executado corretamente.
O paciente normal mente descreve que o seu ombro torna-se cada vez mais duro(o endurecimento é a resposta natural do corpo á inflamação) e doloroso em certos períodos de tempo. Sendo muito comum em desportos como surf e bodyboard.

 

 
Existem dois tipos de ombro congelado: a capsulite adesiva preliminar e a caspsulite adesiva secundária ou adquirida. Na capsulite adesiva preliminar as causas especificas não estão estabelecidas, as causas possíveis incluem mudanças no sistema imune, ou desequilíbrios bioquímicos e hormonais. As doenças tais como a diabetes mellitus, algumas desordens cardiovasculares e neurológicas podem também contribuir. 
 
Enquanto que a capsulite adesiva secundária tem uma causa , tal como a rigidez que segue a um ferimento de ombro, a cirurgia, ruptura do tendão, um traumatismo nesta região, ou a um período prolongado de imobilização.
 
Exercício 3: Prancha invertida
 
Alguns autores descrevem que o ombro congelado tem três fases. Inicialmente ocorre a primeira fase ou estágio doloroso que dura tipicamente 2 a 9 meses a dor no ombro e rigidez, a dor é pior à noite e ao apoiar-se no lado afectado. Causa ansiedade ao paciente, que geralmente não procura tratamento adequado por julgar que esta é a melhor conduta. 
 
A segunda fase ou estágio de fibrose e contracção da cápsula, dura tipicamente 4 a 12 meses. Há dificuldades em usar o membro longe do tronco, mesmo para ABVD’s, ocorre restrição severa da mobilidade e a elevação vai até 90º à custa da articulação escápulotorácica, que não se encontra envolvida no processo. A dor melhora mas a rigidez e a limitação do movimento remanescem. Os músculos à volta do ombro podem encurtar porque não são usados. O paciente deve evitar movimentos extremos que causem dor durante esta fase, pode e deve continuar o uso normal do seu ombro.
Na terceira fase ou estágio de descongelamento, que dura 5 a 24 meses, a dor e a rigidez diminuem e o movimento volta gradualmente ao lugar, embora uma restrição possa persistir sem incomodar o paciente, que está entusiasmado com o alivio da dor e a maior liberdade de movimentos.
Exercício 4 (o caranguejo): Rotação do tronco com cotovelo apoiado em Bola de Pilatos
Lesão por Uso Repetitivo (Overuse)
Os movimentos contínuos da articulação colocam-na em grande stress, podendo levar a uma lesão repetitiva por micro-trauma (Beach, Dickoff-Hoffman e Whitney, 1992; Pink e Tibone, 2000; Luebbers, 2004; Borsa et al., 2005).
 
As lesões por overuse do ombro resultam da má adaptação aos stresses repetitivos de uma actividade. Está má adaptação pode ser estrutural, funcional oambas. Qualquer osso ou articulação da cintura escapular, as unidades neuro-músculo-tendinosas dinâmicas e os estabilizadores fibro-cartilagineos estáticos das articulações podem estar implicados (Garrick e Webb, 2001).
 
Exercício 5: Flexão sobre superfície instável, com rolo e Bola de Pilatos
 
 
Texto: Filipe Costa, fisioterapeuta (FisioRider)
Modelo: Marta Theriaga, surfista
 
 
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