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(foto:ArquivoSwellAlgarve) |
Este artigo tem como objetivo ajudar a promover uma melhor consciencialização do corpo e articulação, neste caso o joelho, pois este sofre grande carga e desgaste articular ao longo do tempo tanto no surf como no bodyboard. A articulação é como andar sempre com os mesmos vans oldschool em que ao final de um tempo há desgaste.
O joelho é que nos sustenta em pé, suporta o nosso peso, ajuda na locomoção e no surf. Este segmento articular tem um papel fundamental para a realização das atividades do nosso dia-a-dia (trabalho, desporto, hobbies, …) e é muito importante que se encontre estável, sem hipermobilidade articular. Estudos epidemiológicos revelam grande incidência de lesões na articulação do joelho tanto no free surf como no surf de competição. Este artigo contém dois exercícios de fortalecimento da articulação do joelho para fazer antes do surf, e dois alongamentos para fazer depois do surf. Estes exercícios podem ser feitos em casa ou em qualquer outro local e têm como objetivo prevenir lesões e melhorar a articulação do joelho.
Articulação do joelho
O joelho é uma articulação que permite grandes amplitudes de movimento (BLANKEVOORT et al., 1991; FRIEDERICH et al., 1992), exigindo um trabalho biomecânico nas diversas estruturas articulares e tendíneo-musculares, justificando uma uniformidade das lesões sofridas pelos participantes da pesquisa.
Das estruturas envolvidas o menisco lateral foi o que mais sofreu lesão, pois a prática deste desporto exige uma flexão sustentada por um grande período de tempo, nesta situação, o menisco lateral permanece em posição posterior. Ao se exigir uma extensão abrupta, devido uma manobra ou por rotação, este menisco pode não conseguir anteriorizar-se, ocorrendo um “aprisionamento” posterior e consequentemente uma lesão. O mesmo pode acontecer em relação ao menisco medial, porém em menor proporção visto que ele permanece menos posterior em relação ao menisco lateral (BOYD & MYERS, 2003; MUNSHI et al, 2003), justificando o menor índice de lesão nesta estrutura.
O segundo maior índice de lesões no joelho foi de tendinite infrapatelar que pode ser explicado pela constante flexão dos joelhos exigida em quase todas categorias. Esta postura afasta a origem da inserção (patela – platô tibial) deste ligamento, diminuindo assim a irrigação local e aumentando o stress, o que resulta na geração de pequenos traumatismos incorrendo em um processo inflamatório que pode resultar em uma tendinite do ligamento infrapatelar.
A articulação do joelho é constituída por duas articulações “secundárias”: a femuro-tibial (entre os côndilos do fémur e os pratos tibiais) e a femuro-patelar (entre os côndilos femurais e a face posterior da rótula).
Os ligamentos mais importantes são os laterais internos e externos (pois impedem movimentos de adução e abdução, dando grande estabilidade ao joelho fazendo com que este seja apenas uma articulação de flexão/extensão) e os cruzados, anterior e posterior (asseguram a estabilidade antero-posterior do joelho e são o meio mais importante entre o fémur e tíbia). O ligamento cruzado anterior é responsável por 85% da estabilidade anterior do joelho, e o ligamento cruzado posterior é responsável por 95% da estabilização posterior do joelho.
Os ligamentos cruzados anteriores e posteriores são lesados principalmente quando forças em direção opostas agem sobre a coxa e a perna, fazendo movimento de gaveta anterior e posterior de joelho. Este tipo de movimento biomecânico não é comum na prática deste desporto, uma vez que o joelho tende a ficar em semiflexão constante, sustentada, a não ser por solavancos e acidentes com mastros que propiciam posturas que lesam estruturas, como os mencionados acima, promovendo também torções no joelho. (BLANKEVOORT et al, 1991).
Exercícios e Alongamentos:
Material: toalha, uma parede, chão, força de vontade.


Exercício 1 – Como fazer: costas encostadas à parede, descer até ficar na posição de sentado e realizar flexão do joelho até à altura do joelho contrário, trazer o peito do pé para trás, aguentar uns segundos, depois troca de perna. Alternar uma perna com outra.




Exercício 2– Como fazer: posicionar toalha ou uma almofada debaixo do joelho e esmagar e aguentar durante 10 segundos.
Alongamentos


Alongamento 1– Como fazer: utilizar a toalha como auxilio, enrolar a toalha de forma que fique com duas pegas, por na planta do pé, trazer o peito do pé para trás ate sentir desconforto na parte posterior da perna, aguentar durante 10 segundos.

Alongamento 2 – Dos mais básicos mas deveras importante e por isso mais depressa se faz de maneira incorreta. Como fazer: segurar no peito do pé e alinhar com o joelho contrário, ajuda de colega ou parede, aguentar durante 10segundos. Quando há falta de equilíbrio, ou tendência para exagerar na amplitude de alongamento, este alongamento tem tendência para se realizar incorretamente.
Em resumo, estes exercícios e alongamentos são importantes para que os joelhos fiquem mais fortes e estáveis para o dia-a-dia e mais importante para o Surf. Devem ser feitos em séries, repetições, sempre moderados e adequados para cada joelho, de acordo com o aconselhado.
Autor: Filipe Costa, fisioterapeuta (FisioRider)
Bibliografia:
· Boy d KT, Myers PT. Meniscus preservation; rationale, repair techniques and results. Knee 2003:10:1-11.
· Blankevoort L, Huiskes R; De Lange A. Recruitment of knee joint ligaments. Journal of Biomechanical Engineering 1991; 113:94-103.
· Friederich NF, Muller W, O´Brien WR.Clinical application of biomechanic and functional anatomical findings of the knee joint. Orthopade 1992;21:41-50.
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