Miguel Martinho (Clube Naval de Portimão) é o Campeão Nacional de Slalom Windsurfing 2018. O título foi alcançado em Alvor, na 3ª etapa (última) do Campeonato Nacional de Slalom Windsurf Grayline Portugal 2018, disputada nos dias 10 a 12 de agosto. As contas do campeonato foram alteradas na manhã do último dia de regatas em Alvor, domingo, quando foi decidido anular a primeira etapa. Os quatro atletas que lideravam o ‘ranking’ retiraram-se de prova, em sinal de protesto.
O Campeonato Nacional de Slalom Windsurf Grayline Portugal 2018 terminou envolto em polémica. O campeonato foi disputado em três etapas: Viana do Castelo (junho), Martinhal, Sagres (julho) e Alvor, Portimão (agosto). A primeira etapa, em Viana do Castelo, teve oito (8) atletas inscritos, mas apenas quatro (4) participantes, número abaixo da fasquia mínima de 10 atletas participantes definida numa regra da Federação Portuguesa de Vela como critério de validação de prova.
A aplicação da regra mudou a discussão do título. O ‘ranking’ do campeonato era liderado por Rui Silva, Nuno Catarino, Pedro Nené e Carlos Clímaco, por essa ordem, os únicos quatro atletas que se apresentaram às três etapas. Os restantes competidores, incluindo Miguel Martinho e o campeão de 2017, Bruno Bértolo (AlhandraSC), apenas discutiram o título nas duas etapas algarvias e com atraso significativo devido à penalização imposta pela não comparência na primeira etapa.
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Etapa em Alvor encerrou o Campeonato Nacional e teve 20 atletas inscritos. Estava em jogo o título nacional, mas as contas foram diferentes (®PauloMarcelino)
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O problema da regra só surgiu pela necessidade de fechar o ranking no último dia da etapa em Alvor, organizada por APWind – Associação Portuguesa de Windsurf e Clube Naval de Portimão. De acordo com testemunhos recolhidos pelo Swell-Algarve, a organização da prova foi informada sobre a regra e o presidente da Comissão de Regatas, Luís Veríssimo, tentou que tudo ficasse na mesma, colocando a questão à apreciação dos atletas em Alvor.
A questão foi colocada no ‘skippers meeting’ de domingo, 12 de agosto, no início do último dia do campeonato. Foi perguntado aos atletas se aceitavam que a etapa em Viana do Castelo se mantivesse válida. Apenas um atleta não concordou: Miguel Martinho. “Porque é uma regra e porque a penalização que nos foi dada por não irmos a Viana foi calculada com base no número de inscritos na etapa do Martinhal”, justificou Miguel Martinho, em declarações ao Swell-Algarve.
Miguel Martinho foi o principal beneficiado com a decisão de anular a etapa em Viana, conseguindo o título graças ao 2º lugar no Martinhal e à vitória em Alvor e, sobretudo, por já não correr atrás do prejuízo dos pontos de penalização, que o impediam de ser campeão.
Federação esclarece situação
Armando Goulartt, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Vela, esclareceu que a questão da validação nunca podia ser colocada aos atletas. “Às 13 horas de domingo, enviei uma SMS ao Luís Veríssimo (presidente da Comissão de Regatas em Alvor) e ao Miguel Martinho (na qualidade de vice-presidente do Clube Naval de Portimão, organizador) a informar que a prova de Viana não reunia condições para ser validada”, disse Armando Goulartt, ao Swell-Algarve.
Durante a manhã, Armando Goulartt conferenciou por telefone com Luís Rocha, diretor nacional técnico da Federação Portuguesa de Vela, e este confirmou que a prova de Viana não era válida, por infringir o Artigo nº 6.4.3 do Regulamento Desportivo da Federação Portuguesa de Vela.
A prova em Viana aconteceu em junho e coloca-se a questão: Porque só agora foi levantado o problema da regra? “Porque os rapazes nunca mandaram o relatório da prova. Todos os organizadores têm um prazo de quatro dias para enviar à Federação o relatório das provas”, respondeu Armando Goullartt.
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Miguel Martinho sagrou-se campeão nacional. Foi o atleta que viabilizou a anulação da etapa em Viana, decisão da qual foi o principal beneficiário (®PauloMarcelino)
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Rui Silva, Nuno Catarino, Pedro Nené e Carlos Clímaco retiraram-se da prova em Alvor após o ‘skippers meeting’ de domingo. “Isto é uma falta de verdade desportiva. Eu ia ganhar o ‘ranking'”, comentou Rui Silva. “É uma injustiça alterar os critérios a três horas do fim do campeonato. Isto é tudo uma grande aldrabice”, disse Nuno Catarino, ao Swell-Algarve.
“Esta regra não incentiva. Quem tem pretensões de pódio tem de fazer as provas todas. Representámos o windsurf português em Viana e agora somos excluídos com um pontapé”, declarou Pedro Nené.
“Fomos a Viana com grande sacrifício e agora sentimos uma injustiça enorme. É uma vergonha que o vice-presidente do Clube Naval de Portimão (Miguel Martinho) tenha roubado o pódio nacional a dois atletas do Clube”, comentou Carlos Clímaco, referindo-se a ele próprio e a Nuno Catarino.
Daniel Caetano, presidente da APWind e ex-dirigente do Clube Naval de Portimão não quis alimentar a polémica. “Não comento. Tenho de me manter isento nisto”, disse o organizador do campeonato, ao Swell-Algarve. Mas acabou por admitir: “A regra não está ajustada à nossa realidade”.
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Primeiro dia de regatas em Alvor foi intenso. Discutia-se a vitória nas regatas e o título nacional nos lugares seguintes (®PauloMarcelino)
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O Campeonato Nacional de Slalom Windsurfing 2018 foi decidido na secretaria. Em Alvor, a competição foi intensa na água apenas no primeiro dia, sexta-feira 10 de agosto, com boas condições de vento. Miguel Martinho, Bruno Bértolo e o campeão espanhol Fernando Martinez discutiam vitórias em regatas. Nos lugares seguintes discutia-se o título nacional e essa emoção a dois níveis elevou o ambiente desportivo em Alvor. Não houve regatas sábado, por falta de vento. Domingo houve três regatas, todas ganhas por Miguel Martinho, mas as emoções foram outras.
Nas contas finais, Miguel Martinho venceu a etapa em Avor, seguido por Fernando Martinez e por Bruno Bértolo. O ‘ranking’ nacional ficou fechado com o espanhol Fernando Martinez em primeiro lugar, depois de ter ganho a etapa no Martinhal. Excluindo esse primeiro lugar por ser um cidadão estrangeiro; Miguel Martinho venceu o ‘ranking’ e sagrou-se Campeão Nacional.
Os quatro atletas que boicotaram o último dia do campeonato caíram no ‘ranking’ nacional, por não terem pontuado nos último dia e por já não estarem escudados pela penalização imposta aos atletas que faltaram à prova em Viana, agora anulada. Rui Silva terminou em 4º, Carlos Clímaco em 5º, Nuno Catarino em 6º e Pedro Nené em 11º.
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Etapas 2018
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