Três dezenas de movimentos de defesa do Ambiente e outras associações de vários âmbitos subscreveram uma carta aberta pedindo a demissão do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes. A carta foi ontem entregue em mão ao governante, por uma delegação de seis cidadãos, entre os quais a escritora Lidia Jorge, no âmbito de uma concentração à porta do edifício daquele Ministério, em Lisboa.
“Consideramos inadmissível e irresponsável que o Sr. Ministro tenha homologado o parecer que decidiu não submeter à Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) o Projeto Sondagem de Pesquisa Santola 1X, popularmente conhecido como “furo de Aljezur” (…) Como tal, exigimos que se demita!”, lê-se na carta, ontem entregue ao ministro. Além da demissão do governante, os subscritores exigem também que seja demitido o presidente da Associação Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta.
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Os subscritores da carta aberta consideram que ministro falhou na sua missão de proteção do Ambiente e mostrou desconsideração para com entidades públicas e sociedade civil. “Não se admite que desacredite os processos democráticos, ao desprezar a vontade dos cidadãos e das populações, as recomendações da Assembleia da República e a posição das Autarquias Locais, descuidando o mesmo Ambiente que se comprometeu a proteger. Por isso demita-se!”, lê-se na carta.
“A demissão de quem deu o rosto por uma decisão inaceitável deve ser, apenas, o primeiro passo para a alteração do próprio conteúdo da decisão”. Os subscritores apontam responsabilidades políticas ao Primeiro-Ministro e ao Governo e concluem que, “em última instância, o que está em causa, para além da defesa do ambiente e de um modelo de desenvolvimento sustentável para Portugal, é a qualidade e o futuro da nossa democracia”.
O ministro recebeu uma delegação de seis pessoas que lhe entregaram a carta aberta. A escritora Lídia Jorge foi uma das pessoas recebidas por João Pedro Matos Fernandes. “O ministro defendeu a legalidade da decisão. Disse que não há contradição entre a tentativa de redução das emissões de carbono e esta prospecção”, comentou a escritora, sublinhando: “É legal, mas moralmente não é admissível”.
Os subscritores:
Alentejo Litoral pelo Ambiente
Aldeia
Almargem
A Rocha
APECE – Associação Portuguesa para o Estudo dos Elasmobrânquios
ASMAA – Algarve Surf and Marine Activities Association
Birdland
Climáximo
Coletivo Clima
Fórum de Ambiente do Litoral Alentejano
Linha Vermelha
Futuro Limpo
GlocalFaro
GEOTA – Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente
MALP – Movimento Algarve Livre de Petróleo
New Loops
Preservar Aljezur
OceanCare
LPN – Liga para a Protecção da Natureza
OMA – Observatório Marítimo dos Açores
Peniche Livre de Petróleo
PALP – Plataforma Algarve Livre de Petróleo
RIAS
Save the Waves Coalition
Sciaena
SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
Sun Concept
Surfrider Foundation
Stop Fracking Vila do Bispo
Tavira em Transição
WWF/ANP
ZERO
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