O surf feminino português está num dos melhores momentos da sua história e são esperados três dias de grande ação no Sumol Porto Pro. Entre os dias 13 e 15 de Maio, Porto e Matosinhos recebem a terceira etapa da Liga MOCHE 2016, a competição nacional de surf que atribui os títulos de campeões nacionais da modalidade, e integra a agenda do Wave Series 2016.
A dar cara e corpo ao cartaz desta prova estão duas surfistas que representam bem o excelente momento do surf português no feminino. De um lado, Camilla Kemp, 20 anos, duas vezes vice-campeã nacional e atual líder do ranking da Liga MOCHE, depois de ter vencido a etapa inaugural na Ericeira. Do outro, Teresa Bonvalot, 16 anos, bicampeã da Liga em título e atual 3ª classificada do ranking, ainda sem vitórias este ano. Para além dos resultados entre portas, Teresa e Camilla são também as portuguesas melhor classificadas no circuito de qualificação mundial.
Em entrevista, as duas surfistas explicam como a Liga MOCHE contribui para a sua evolução enquanto surfistas e revelam estar prontas para vencer o Sumol Porto Pro.
A próxima etapa da Liga MOCHE é o Sumol Porto Pro. O que tens a dizer sobre esta etapa?
Camilla Kemp – Eu adoro ir ao Porto. É uma cidade onde gosto imenso de ir, mesmo que só para visitar. Para surfar, é ótimo porque tem imensos picos bons. Acho que vai ser uma etapa muito gira porque tem sempre muito público na praia apoiar-nos.
Teresa Bonvalot – A etapa da Liga MOCHE no Porto é uma etapa que traz para a praia público que demonstra muito interesse pela competição, o que é uma motivação extra para tentarmos dar o nosso melhor. Foi também a primeira etapa que eu ganhei na Liga MOCHE em 2013, por isso é sempre muito especial para mim.
Camilla, nunca venceste uma etapa no Porto, o que tem faltado?
CK – É verdade, nunca consegui ganhar no Porto. Não sei dizer porquê. Acho que nunca teve tudo a meu favor e a dar certo para eu ganhar. Mas já cheguei a algumas finais e consegui fazer notas boas lá… Se calhar é desta!
Teresa, já venceste por duas vezes o Sumol Porto Pro. Qual é o segredo?
TB – O segredo? Comer muitos dos famosos croissants (risos)!
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Quem consideras que seja a tua maior rival na Liga?
CK – O nível de surf está tão alto que não dá para destacar nenhuma surfista em específico. Mas as surfistas do top 4 [NR: TB, CK, Carol Henrique e Carina Duarte] são as que estão a surfar melhor e a tirar muitos resultados, não só em Portugal como lá fora. É ótimo podermos competirmos todas juntas e, assim, treinar para os campeonatos internacionais.
TB – O nível de surf feminino tem vindo a subir bastante e tem sido cada vez mais difícil ganhar. Aliás, tem-se visto que não é sempre a mesma surfista a ganhar as etapas! É, sobretudo, o Top 4 ou Top 5… Mas isto não quer dizer que as restantes surfistas não sejam boas atletas e que não seja difícil ganhar-lhes!
A Carol Henrique nunca tinha vencido na Liga MOCHE e acabou de ganhar a última etapa, estando agora na liderança do ranking (com a Camilla). O que te parece este momento de surf da Carol?
CK – A Carol tem evoluído bastante. Desde que ela chegou a Portugal, nota-se uma diferença. Acho que todas nós, as atletas, ajudámos a que a Carol evoluísse. É um processo em que todas juntas conseguimos chegar muito mais longe. Tanto eu, como a Teresa [Bonvalot], a Carol e a Carina [Duarte] temos puxado bastante umas pelas outras e temos evoluído mais o nosso surf por causa disso.
TB – Já no ano passado, apesar de não ter ganho nenhuma etapa, a Carol fez algumas finais e mostrou bom surf. É uma grande atleta.
Agora que já competiste em duas etapas, o que te parece o formato de competição “woman-on-woman” que a Liga MOCHE adotou para as fases avançadas da categoria feminina?
CK – Acho ótimo! O surf feminino está a evoluir e os próprios campeonatos têm de ser adaptados a isso. É uma excelente iniciativa que permite que nós consigamos treinar neste formato, o qual é usado nos campeonatos internacionais. Estou a adorar também porque permite que mostremos mais surf e aquilo que valemos. Acaba por contar mais o surf do que as estratégias e “joguinhos táticos” que por vezes temos de fazer e dos quais não gostamos. Acaba por ser mais complexo mas é mais divertido para nós.
TB – É bom! Ajuda a que nos habituemos ao formato para estarmos mais à vontade quando competimos nos campeonatos internacionais, tanto no circuito de qualificação como nos campeonatos pro júnior. É mais uma aprendizagem e dá-nos mais experiência, o que, daqui para a frente, se torna cada vez mais importante para competirmos contra as melhores surfistas do Mundo. Foi uma boa iniciativa da Associação Nacional de Surfistas e, já que já era assim nos rapazes, fica agora tudo igual.
A vida de treino de um surfista de alta competição como tu acaba por ter alguns sacrifícios. Quais são os maiores sacrifícios que tens de fazer no teu dia-a-dia?
CK – Os treinos físicos e aqueles dias de chuva, com mar horrível, em que temos de ir para a água treinar na mesma. É o que custa mais. Mas eu tenho pessoas impecáveis à minha volta que puxam por mim e me ajudam a cumprir todas estas coisas. Só assim se evolui e se consegue chegar mais longe.
TB – Eu gosto imenso de competir e ir para dentro de água com uma licra é uma das coisas que me deixa mais feliz. Às vezes não gostamos muito de acordar cedo mas faz parte. O truque é pensar de uma forma positiva e de que estamos a acordar cedo para fazer uma coisa de que gostamos. Tanta gente não pode dizer o mesmo. Gosto de pensar sempre pelo lado positivo!
Vais ganhar o Sumol Porto Pro?
CK – Não sei, mas vou dar tudo por tudo ganhar.
TB – Vou, claro!
Quais são os teus objetivos para este ano?
CK – Na Liga MOCHE, se eu dissesse que não queria ser campeã nacional, ia estar a mentir. É o objetivo, mas não quero pensar demasiado nisso porque é um longo percurso. Vou dar tudo por tudo para ganhar cada etapa. Já nos campeonatos internacionais, quero dar o meu melhor, mostrar o meu surf, tirar bons resultados e chegar cada vez mais longe para no próximo ano ter um bom seeding.
TB – O meu objetivo para este ano é, sobretudo, evoluir o meu surf, tanto tecnicamente como taticamente. Em termos competitivos, quero ficar no top 2 do circuito pro júnior europeu para me qualificar para o campeonato mundial júnior.
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Para além de Camilla Kemp e Teresa Bonvalot, estarão em prova a larga maioria das melhores surfistas nacionais, com destaque para Carol Henrique, que venceu a última etapa da Liga Moche, e Mariana Gonçalves, vencedora da última etapa do Circuito Regional de Surf do Norte na categoria sub-18 e que, a convite da organização, vai representar as cores do Norte de Portugal.
Em 2016, a premiação global da Liga Moche é superior a 80.000€ anuais e, para além dos títulos nacionais, encontram-se também em disputa o Ramirez Junior Award, que nesta etapa será atribuído à melhor surfista sub-18 feminina, e a Renault Expression Session, ambos atribuindo 2.500€ anuais.
Todas as etapas da Liga MOCHE contam com a transmissão em direto e com toda a qualidade da fibra MEO em liga.moche.pt, app mobile Surf MOCHE e MEO Kanal 202020, juntando-se ainda os programas de antevisão e resumo na RTP1 e Bola TV.
A Liga MOCHE e o Sumol Porto Pro são uma organização da Associação Nacional de Surfistas e da Fire!, com o patrocínio do MOCHE, Sumol, Allianz Seguros, Renault, Ramirez, Red Bull, o apoio local da Câmara Municipal do Porto e da Câmara Municipal de Matosinhos, os parceiros oficiais RTP1, Cidade FM e GO-S.TV e os media partners Diário de Notícias, A Bola, Beachcam, SURFPortugal, ONFIRE, Surftotal e SAPO, e o apoio técnico da Federação Portuguesa de Surf e da Onda Pura.
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Fonte: Nota de Imprensa Associação Nacional de Surfistas / Liga Moche
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