Francisco Duarte | Balanço de 3 meses a poucos dias do TCT em Hossegor

“Vir ao Algarve Recarrega o Ciclo da Motivação”

Matinal de Francisco Duarte na Praia da Rocha. Sessão com ondas pequenas, mas na praia preferida (®PauloMarcelino)

Francisco Duarte está a viver sozinho numa casa em Lisboa desde setembro. Tem 18 anos de idade. A responsabilidade doméstica, o início da licenciatura em Gestão de Marketing, os treinos de alto rendimento e os primeiros campeonatos no seu ano zero como surfista profissional Open são frentes difíceis de combinar. “Vir ao Algarve é um alívio enorme; recarrega o ciclo da motivação”, disse o surfista, na Praia da Rocha, durante uma conversa de balanço sobre os últimos três meses de competição.

O surfista de Portimão está na iminência de conquistar o importante apuramento para o TCT Global Championships, final mundial do circuito Totally Crustaceous Tour, da Volcom, que vai ser disputada em Lower Trestles, California, EUA. A poucos dias de viajar para a última etapa europeia TCT, em Hossegor, França, Francisco Duarte fez uma escala terapêutica em Portimão, junto dos pais, da namorada e da sua praia. Francisco já vive há quatro anos em Lisboa, mas sempre residiu com familiares. Só agora vive sozinho e está na universidade.

Quinta-feira, 14 de abril. Manhã de surf e de conversa com Francisco Duarte … 'em casa' (®PauloMarcelino)

Quinta-feira, 14 de abril. Manhã de surf e de conversa com Francisco Duarte … ’em casa’ (®PauloMarcelino)

A pausa para “recarregar o ciclo da motivação” foi também o momento para uma conversa com o Swell-Algarve sobre os últimos meses de competição: a estreia no circuito mundial ‘Qualifying Series’ da World Surf League; as duas primeiras etapas Liga Moche 2016 e o caminho para a final mundial da Volcom em Lower Trestles.

‘Qualifying Series’ WSL

Francisco Duarte estreou-se no circuito mundial WSL no passado dia 1 de abril, no QS de mil pontos em Zarautz, País Basco. Perdeu ‘de primeira’, numa bateria com 3 atletas, na Ronda 1, e concluiu a prova em 65º lugar. “Competi numa fase de maré estranha. A onda estava mole no início e só conseguia trabalhar a segunda metade. E quis mostrar o meu surf ‘backside’, que é melhor que o meu ‘frontside’, mas as condições estavam mais propícias para o ‘frontside’… devia ter investido mais nas direitas“, comentou o surfista.

O resultado não foi bom e a reflexão está feita. “Percebi que podia ter dado mais de mim. Mas senti que o meu surf está enquadrado com as expetativas dos juízes e que posso fazer melhor na próxima etapa. Este é um ano de aprendizagem no QS e o objetivo é dar o meu melhor”, disse Francisco Duarte.

Francisco Duarte é mais forte de 'backside' do que de 'frontside' (®PauloMarcelino)

Francisco Duarte é mais forte de ‘backside’ do que de ‘frontside’ (®PauloMarcelino)

Liga Moche

Nas duas primeiras etapas da Liga Moche 2016, Francisco Duarte ainda não conseguiu passar da Ronda 2. Fez 25º lugar em Ribeira D’Ilhas (1ª etapa) e 17º na Costa de Caparica (2ª etapa). Os resultados ainda não estão ao nível dos objetivos do atleta. “Este ano quero ficar no top 15 da Liga Moche e para chegar lá tenho de fazer um ou dois quartos-de-final”, admitiu o surfista algarvio.

Ribeira D’Ilhas é sempre uma onda difícil para Francisco Duarte, que é um surfista regular (pé esquerdo à frente e pé direito atrás). Ribeira D’Ilhas é uma ‘direita’ e o surfista dá-se melhor nas ‘esquerdas’, em ‘backside’. Na Costa de Caparica, o atleta algarvio não teve surf para Pedro Henrique e Guilherme Fonseca.

“O objetivo agora vai ser descartar Ribeira D’Ilhas”, explicou, e conseguir melhores resultados para chegar ao top 15 no ‘ranking’ final. A próxima etapa, no Porto, em maio, é uma boa oportunidade para fazer melhor. “Seja em Matosinhos, ou em Leça; é uma ‘esquerda’. E a de Matosinhos é muito parecida com a da Rocha. Foi na etapa do Porto que tirei o meu melhor resultado em 2015. Cheguei aos quartos-de-final. Espero conseguir o mesmo este ano”, disse Francisco Duarte.

Surfista algarvio mudou-se há 4 anos para Lisboa e treina-se com a Academia Profissional de Surf (®PauloMarcelino)

Surfista algarvio mudou-se há 4 anos para Lisboa e treina-se com a Academia Profissional de Surf (®PauloMarcelino)

‘Totally Crustaceous Tour’ – Volcom

Se os resultados no QS e na Liga Moche têm estado abaixo das expetativas, podendo denotar a maior pressão imposta pela nova vida de estudante universitário e responsável solitário pela sua própria casa; a história no TCT é completamente diferente. Francisco Duarte está “com um pé nas finais mundiais” em Trestles. A qualificação vai ficar fechada no próximo fim-de-semana, em Hossegor, para onde o surfista algarvio viaja na quarta-feira.

Francisco Duarte está no 2º lugar do ‘ranking’ Pro Am (Sub-20) do TCT Europeu. Apuram-se os 3 primeiros na categoria e só contam os dois melhores resultados nas quatro etapas do TCT Europeu. O surfista algarvio tem dois 2º lugares, conquistados na Praia do Amado, no verão do ano passado; e em Tenerife, Ilhas Canárias, em fevereiro deste ano.

Miguel Blanco tem a qualificação garantida, com duas vitórias nas etapas anteriores. Francisco Duarte está tranquilo no 2º lugar, até porque o 3º classificado no ‘ranking’, o francês Charly Quivront, não irá a Hossegor. A principal ameaça ao 2º lugar é de outro algarvio, Frederico ‘Martim’ Magalhães, 4º no ‘ranking’.

'Baterias recarregadas', para ir a França garantir o 'passaporte' para a final mundial da Volcom em Trestles (®PauloMarcelino)

‘Baterias recarregadas’, para ir a França garantir o ‘passaporte’ para a final mundial da Volcom em Trestles (®PauloMarcelino)

“Não vou com grande pressão para Hossegor. Já estou com um pé nas finais mundiais. Os meus adversários é que precisam de um bom resultado”, comentou Francisco Duarte. Na etapa anterior, na Costa de Caparica, o surfista algarvio chegou às meias-finais, resultado que não melhorou o seu ranking. “Estou entusiasmado por ir surfar em Hossegor, que ainda não conheço, e vou para ganhar. Só melhoro ganhando”, concluiu.

Depois de no ano passado ter integrado a Seleção de Portugal ao Mundial de Surf da ISA; Francisco Duarte tem a possibilidade de surfar dois anos consecutivos na California. Em 2015 esteve a 10 minutos de distância, mas não entrou em Trestles. Este ano deverá competir na famosa onda, na final mundial TCT, em junho.

Francisco Duarte está entusiasmado e planeia ficar em Trestles durante um mês, aproveitando as viagens e duas semanas de estada pagas pela Volcom. “Será muito bom para a minha evolução. Na California vê-se os netos a surfar com os avós. Lá, vive-se mais o surf; está enraizado no dia-a-dia das pessoas”, diz os surfista algarvio.

 

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