O brasileiro Filipe Toledo venceu o Moche Rip Curl Pro Portugal e subiu ao 2º lugar do ‘ranking’ no circuito mundial Samsung Galaxy Championship Tour, da World Surf Tour, esta sexta-feira, 30 de outubro, na Praia Supertubos, em Peniche. A sétima edição da etapa portuguesa do Championship Tour não teve os tubos pelo qual é conhecida, mas fez História: fase final inédita, com dois portugueses e quase nenhum anglo-saxão nos quarto-de-final; Vasco Ribeiro a igualar o melhor resultado do veterano Tiago Pires em sete anos de CT ao chegar às meias-finais e logo no seu evento de estreia entre a elite mundial; e o ‘rookie’ brasileiro Italo Ferreira a realizar a sua primeira final no CT, depois de impor uma derrota muito pesada ao campeão do mundo, Gabriel Medina.
Após dois dias consecutivos de pausa, o Moche Rip Curl Pro Portugal foi retomado às 07h20 desta sexta-feira, penúltimo dia da janela de competição do evento. O vento mudou para Sudoeste nas primeiras horas de hoje e criou condições ‘offshore’ durante a manhã em Supertubos. Com quatro horas e meia de competição para concluir (desde a terceira bateria da Ronda 5 em diante), os comissários da WSL decidiram não arriscar esperar pela último dia (amanhã, sábado), devido ao agravamento das previsões sobre o estado do vento.
A prova recomeçou hoje pelas 07h20, com as duas últimas baterias da Ronda 5 e as duas primeiras dos Quartos-de-Final, até cerca das 10h30, altura em que foi declarada uma pausa até às 13h45. O programa foi retomado pelas 14h15 e correu até à final, concluída pelas 17h25. Foi uma final emocionante, disputada entre os brasileiros Filipe Toledo e Italo Ferreira, com uma nota 10 para Toledo e uma resposta 9,93 para Italo Ferreira.
As condições da prova não foram as ideias, mas existia potencial para notas excelentes. O mar esteve difícil e pesado. À tarde, o vento mudou e aumentou de intensidade. O ‘offshore’ deixou de ser tão evidente e as ondas continuaram difíceis de encontrar.
Manhã Offshore
Frederico Morais falhou o apuramento para as meias-finais. O campeão nacional foi eliminado por 8 centésimas, pelo norte-americano Brett Simpson, nos quartos-de-final, esta manhã. Durante o período matinal de ‘offshore’, Vasco Ribeiro qualificou-se para os quartos-de-final e Filipe Toledo foi o primeiro semi-finalista apurado, mantendo o percurso imaculado que o iria levar à vitória.
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‘Offshore’ perfeito ao nascer do dia, esta sexta-feira, em Supertubos (®PauloMarcelino)
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Durante a manhã foram realizadas as duas últimas baterias da Ronda 5 e as duas primeiras baterias dos Quartos-de-Final. Duas horas de surf em mar pesado, com ondas de 2 metros, ‘sujas’, desalinhadas e difíceis de encontrar e manobrar.
Vasco Ribeiro foi protagonista da primeira bateria do dia, a penúltima da Ronda 5, na qual eliminou o tahitiano Michel Bourez. Num duelo de notas baixas, o surfista português – Campeão Mundial Junior 2014 – encontrou um tubo e fez a segunda melhor nota da manhã (6,50), com a qual eliminou o adversário e garantiu o acesso aos quartos-de-final.
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Vasco Ribeiro encontrou um tubo, fez a segunda melhor nota da manhã e apurou-se para os quartos-de-final (®PauloMarcelino)
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Na última bateria da Ronda 5, o campeão do mundo Grabriel Medina eliminou o havaiano Keanu Asing e garantiu a última vaga nos quartos-de-final. Medina procurava a vitória em Portugal, para chegar ao Hawai (Billabong Pipeline Masters – última etapa do Samsung Galaxy Championship Tour 2015) na qualidade de líder do ‘ranking’. Keanu Asing saiu de Portugal com um dos melhores, se não mesmo o melhor resultado pessoal da época.
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Gabriel Medina em ação, esta manhã, na Ronda 5 em Supertubos (®PauloMarcelino)
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Os quartos-de-final do Moche Rip Curl Pro Portugal fizeram História na World Surf League. Foi histórica a presença de dois portugueses – Frederico Morais e Vasco Ribeiro – e a quase ausência de surfistas anglo-saxónicos (único foi Joel Parkinson). Nunca houve um quadro semelhante em quartos-de-final de provas do Championship Tour.
Na primeira bateria dos quartos-de-final, esta manhã, Filipe Toledo eliminou Joel Parkinson e foi o primeiro surfista a apurar-se para as meias-finais do Moche Rip Curl Pro Portugal. O australiano foi mais consistente (8,67 | 5,00+3,67), mas o brasileiro venceu com a melhor nota da manhã (7,50), ao qual somou uma segunda nota de 2,87 pontos.
‘Kikas’ Falha ‘Meias’ por 8 Centésimas
A segunda bateria dos quartos-de-final foi a última antes da manhã (antes da pausa às 10h30) e um dos momentos de maior emoção, esta sexta-feira, em Supertubos. O português Frederico Morais (10,46 | 4,93+5,53) e o norte-americano Brett Simpson (10,54 | 6,17+4,37) travaram um duelo muito renhido, decidido na última troca de ondas. ‘Simpo’ tinha a melhor onda, mas faltava-lhe uma segunda boa nota, que conseguiu na última onda.
‘Kikas’ respondeu de imediato, na sua onda de saída, e festejou-a, julgando ter sido suficiente para ganhar. Não foi. O português perdeu por uma diferença de 8 centésimas nas pontuações finais da bateria. Insatisfeito, Frederico Morais foi falar com o chefe de juízes à porta fechada, para perceber as notas atribuídas. “Acabei por perceber. São decisões complicadas. Estou feliz com os quartos-de-final. Em mar mau, lutei até ao fim”, comentou o campeão nacional, que concluiu o evento na 5ª posição.
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Frederico Morais lutou até ao fim na sua bateria de quartos-de-final, esta manhã, em Supertubos (®PauloMarcelino)
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‘Vasquinho’ Iguala Tiago Pires
Vasco Ribeiro discutiu com o francês Jeremy Flores o acesso às meias-finais. Foi a primeira bateria após a pausa declarada pelas 10h30. A prova foi retomada à tarde, às 14h15, com vento mais de Sudoeste (pior) e menos ‘offshore’ em Supertubos.
Vasco Ribeiro entrou muito sólido na sua bateria de quartos-final, construindo o seu ‘score’ (13,34 | 6,17+7,17) nas duas primeiras ondas. Jeremy Flores, que chegou a Portugal no 9º posto do ‘ranking’ CT, não encontrou soluções e foi eliminado com um total ‘magro’ de 8,17 pontos.
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Vasco Ribeiro chegou às meias-finais no seu evento de estreia no Championship Tour (®PauloMarcelino)
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O surfista português, campeão mundial junior 2014, fez neste evento a sua estreia no Championship Tour e igualou o melhor resultado alcançado por Tiago Pires em sete anos de ‘Tour’. ‘Saca’ fez três meias-finais durante a sua carreira entre a elite mundial. Vasco Ribeiro fez hoje a sua primeira meia-final no CT, sendo eliminado pelo ‘super rookie’ Italo Ferreira.
Medina Eliminado em Combinação
Italo Ferreira está a cumprir o seu primeiro ano no Championship Tour e com um registo histórico. O brasileiro chegou a Portugal em 8º no ‘ranking’ e parte para o Hawai na 6ª posição do ‘ranking’. É o melhor ‘rookie’ do ano e, talvez, um dos melhores de sempre.
Na última bateria dos quartos-de-final em Peniche, esta tarde, Italo Ferreira deu uma autêntica ‘tareia’ a Gabriel Medina. O campeão do mundo entrou a ganhar, com ondas na casa dos 6 pontos. Italo Ferreira ficou em combinação e esperou, até encontrar um tubo de 9,67 pontos (veja o video AQUI) que o recolocou na luta pela bateria.
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Medina partiu a prancha, frustrado com a sua eliminação nos quartos-de-final (®PauloMarcelino)
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Depois da nota quase perfeita (máximo é 10 pontos), Italo Ferreira ainda fez mais duas ondas na casa dos 8 pontos e deixou o campeão do mundo em combinação. Gabriel Medina não conseguiu responder e cedeu à pressão: cometeu uma interferência (que lhe retirou a sua segunda melhor nota), terminou a bateria com os 6,83 pontos da sua melhor onda e partiu a prancha na areia.
Final com Notas 10 e 9,93
Vasco Ribeiro (9,10 | 3,60+5,50) foi eliminado por Italo Ferreira (13,37 | 5,87+7.50) nas meias-finais. Filipe Toledo (14,60 | 7,67+6,93) eliminou Brett Simpson (12,94 | 5,67+7,27) na mesma fase da prova.
Chegaram à final dois brasileiros, os dois surfistas mais consistentes ao longo do evento; Toledo mais que Italo, porque venceu todos as suas baterias, incluindo a primeira da Ronda 4, já considerada uma das baterias do ano (Toledo 19,00 pontos, Kolohe Andino 18 e Brett Simpson 17,57), no passado domingo (reveja a bateria AQUI). Italo teve de passar pela repescagem na Ronda 2, mas sempre com prestações de alto nível.
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Um dos dois aéreos na onda de 10 pontos feita por Filipe Toledo na final em Supertubos (®PauloMarcelino)
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A final começou pela 16h50 e Filipe Toledo abriu as hostilidades com uma onda perfeita de 10 pontos, com dois aéreos, nos minutos iniciais (veja p video AQUI). A caminho da sua terceira vitória no CT este ano e a ficar em condição de discutir o título mundial no Hawai, Filipe Toledo manteve a pressão com uma segunda onda de 7,33 pontos.
Italo Ferreira ficou em combinação na final, mas essa era uma situação que não estranhava e da qual já havia saído e com vitória frente a Medina, nos quartos-de-final. Italo reentrou na bateria com uma onda de 7,20 pontos (que não o retirou de imediato da combinação) e reforçou o seu ‘score’ com um aéreo exuberante numa onda quase perfeita de 9,93 pontos (veja o video AQUI).
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Italo Ferreira lutou muito na final, com aéreos, e chegou a assustar o adversário (®PauloMarcelino)
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Nos 10 minutos finais, Italo Ferreira discutiu a vitória na sua primeira final num evento CT. Precisava de uma onda de 7,91 pontos, mas só conseguiu uma de 6,83 pontos. Filipe Toledo tremeu, mas venceu e com distinção. Foi, sem dúvida, o surfista mais consistente no Moche Rip Curl Pro Portugal, ao ‘varrer’ o campeonato da primeira à última bateria.
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Links:
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Moche Rip Curl Pro Portugal – Dia 4 ON
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